Abril
despedaçado
Ficha
Técnica:
Abril
Despedaçado.
País:
Brasil/Suíça/França,
Ano
de produção: 2001.
Duração:99
min.,
Gênero:
drama;
Direção
de Walter Salles,
Roteiro
de Walter Salles, Sérgio Machado e Karim Ainouz;
Elenco:
Rodrigo Santoro, José Dumont, Flávia Marco Antônio, Ravi Ramos Lacerda, Rita
Assemany, Everaldo Pontes e Othon Bastos;
Produção:
Arthur Cohn; Fotografia: Walter Carvalho;
Trilha
Sonora: Antonio Pinto.(Ribeiro e Barbosa, 2011
Abril Despedaçado (2001) foi inspirado no livro homônimo do escritor
albanês Ismail Kadaré, que narra um processo de vingança existente há séculos no norte da Albânia, no
qual famílias inteiras exterminam-se, guiadas pelos códigos de honra
estabelecidos pelo Kanun, “um
complexo código em forma de livro, cujo conteúdo é mais poderoso do que as leis
oficiais. Sua lei máxima é uma lei ancestral: sangue se paga com sangue.” (LIMA, 2008, apud MONTEIRO, 2014, p. 2).
O livro foi adaptado por Walter Salles para as tradicionais guerras de
sangue entre famílias nordestinas, que também se exterminam por ganância,
disputas de terras e de poder local, existentes historicamente no Brasil, na
ausência da ação do Estado. A
cobrança de sangue se dá entre a família dos Breves e a dos Ferreiras. Os
Breves são latifundiários ligados à monocultura da cana de açúcar, que entrou
em decadência com o fim da escravidão no final do século XIX (LIMA, 2008, apud
MONTEIRO, 2014). Os Ferreiras, seus rivais, são latifundiários em expansão,
criadores de gado, portanto, com uma posição social mais elevada.
Abril despedaçado se
passa entre fevereiro e abril de 1910, em Riacho das Almas, um lugarejo no
interior do Nordeste Brasileiro. O filme traz a tona, o conflito vivido por
duas famílias do interior do nordeste (Breves e Ferreira), devido a uma disputa
que vai além da luta pela posse de terras. Uma guerra que se perpetua por
várias gerações. Nessa história são apresentados valores que definiam a honra
ou não das famílias, nesse local haviam leis próprias diferenciadas do resto do
país, era a “lei do olho por olho”.
Tonho, personagem
vivido por Rodrigo Santoro, tem seu irmão mais velho morto, e se sente
angustiado, pois como já era regra quando a mancha de sangue na camisa
amarelasse deveria vingar a morte de seu irmão.
Sabendo que será
marcado para morrer, Tonho cumpre com sua obrigação e mata o assassino. Em meio
a essas angustias passa a questionar essa tradição da qual se torna refém. No
contexto da história percebe-se a pobreza do sertão e a exploração. Para sua
sobrevivência, a família produzia e comercializava rapaduras, onde o dono da
venda pagava menos do que o produto valia.
O
filho mais novo chamado de “Minino”, pois não possuía nome, era forçado pelo
pai a trabalhar, apanhava, era proibido de brincar, e presenciou o assassinato
do irmão, evidenciando a violência contra a infância. Foi ele, no entanto, que
libertou Tonho da morte e provocou a ruptura da tradição de sangue entre as
famílias, com sua própria morte, uma vez que era a consciência libertadora, no
filme. Era ele quem narrava o filme, questionando aquela tradição insana e
estimulando ao irmão a fugir, como Tonho não o fez, ele ocupa o lugar do irmão
e é, por engano, assassinado em seu lugar por um Ferreira. Como o código de honra prescreve que a
vingança só pode ser feita contra aquele que matou, produz-se a ruptura na
entre as famílias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário