segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Abril Despedaçado

Abril despedaçado
Ficha Técnica:
Abril Despedaçado.
País: Brasil/Suíça/França,
Ano de produção: 2001.
Duração:99 min.,
Gênero: drama;
Direção de Walter Salles,
Roteiro de Walter Salles, Sérgio Machado e Karim Ainouz;
Elenco: Rodrigo Santoro, José Dumont, Flávia Marco Antônio, Ravi Ramos Lacerda, Rita Assemany, Everaldo Pontes e Othon Bastos;
Produção: Arthur Cohn; Fotografia: Walter Carvalho;
Trilha Sonora: Antonio Pinto.(Ribeiro e Barbosa, 2011

Abril Despedaçado (2001) foi inspirado no livro homônimo do escritor albanês Ismail Kadaré, que narra um processo de vingança  existente há séculos no norte da Albânia, no qual famílias inteiras exterminam-se, guiadas pelos códigos de honra estabelecidos pelo Kanun, “um complexo código em forma de livro, cujo conteúdo é mais poderoso do que as leis oficiais. Sua lei máxima é uma lei ancestral: sangue se paga com sangue.” (LIMA, 2008, apud MONTEIRO, 2014, p. 2).
O livro foi adaptado por Walter Salles para as tradicionais guerras de sangue entre famílias nordestinas, que também se exterminam por ganância, disputas de terras e de poder local, existentes historicamente no Brasil, na ausência da ação do Estado.  A cobrança de sangue se dá entre a família dos Breves e a dos Ferreiras. Os Breves são latifundiários ligados à monocultura da cana de açúcar, que entrou em decadência com o fim da escravidão no final do século XIX (LIMA, 2008, apud MONTEIRO, 2014). Os Ferreiras, seus rivais, são latifundiários em expansão, criadores de gado, portanto, com uma posição social mais elevada.
Abril despedaçado se passa entre fevereiro e abril de 1910, em Riacho das Almas, um lugarejo no interior do Nordeste Brasileiro. O filme traz a tona, o conflito vivido por duas famílias do interior do nordeste (Breves e Ferreira), devido a uma disputa que vai além da luta pela posse de terras. Uma guerra que se perpetua por várias gerações. Nessa história são apresentados valores que definiam a honra ou não das famílias, nesse local haviam leis próprias diferenciadas do resto do país, era a “lei do olho por olho”.
Tonho, personagem vivido por Rodrigo Santoro, tem seu irmão mais velho morto, e se sente angustiado, pois como já era regra quando a mancha de sangue na camisa amarelasse deveria vingar a morte de seu irmão.
Sabendo que será marcado para morrer, Tonho cumpre com sua obrigação e mata o assassino. Em meio a essas angustias passa a questionar essa tradição da qual se torna refém. No contexto da história percebe-se a pobreza do sertão e a exploração. Para sua sobrevivência, a família produzia e comercializava rapaduras, onde o dono da venda pagava menos do que o produto valia.

O filho mais novo chamado de “Minino”, pois não possuía nome, era forçado pelo pai a trabalhar, apanhava, era proibido de brincar, e presenciou o assassinato do irmão, evidenciando a violência contra a infância. Foi ele, no entanto, que libertou Tonho da morte e provocou a ruptura da tradição de sangue entre as famílias, com sua própria morte, uma vez que era a consciência libertadora, no filme. Era ele quem narrava o filme, questionando aquela tradição insana e estimulando ao irmão a fugir, como Tonho não o fez, ele ocupa o lugar do irmão e é, por engano, assassinado em seu lugar por um Ferreira.  Como o código de honra prescreve que a vingança só pode ser feita contra aquele que matou, produz-se a ruptura na entre as famílias.









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